Tudo correu direitinho justo durante o momento que achamos
mais delicado, nas 12 primeiras semanas.
Por volta da 13ª semana, acordei uma noite sangrando e fiquei desesperada. Aquilo nunca tinha me acontecido! Era madrugada, menos de
4h da manhã e a dúvida, aguardar o dia raiar e esperar quem ficasse com a
Valentina para o Rodrigo ir comigo na Emergência, ou sair naquele momento
sozinha? A curiosidade e o medo falaram mais alto e decidi pegar um taxi só para o
hospital. Chegando lá fui atendida, fiz exame de urina e depois ultrassom.. e
UFA! Escutei aquele coracisco batendo rápido e vi aquele projeto de gente
mexendo. No fundo eu sentia ou imaginava que meu neném estava bem, mas como
àquela altura o ‘mexer‘ do bb não é nítido, a dúvida prevalece.
A ultrassonografista desconfiou de um ‘hematoma’ - que ,na realidade, é um
acúmulo de sangue entre a parede do útero e o saco gestacional –
e o obstetra terrorista do plantão acusou infecção urinária e ‘ameaça de aborto’
(escutar isso é muito mais difícil que imaginamos). Mas minha médica desconfiou
do exame de urina e pediu, sabiamente, para eu refazer. E pimba, nada de
infecção urinária. Por um triz não comecei a tomar antibiótico receitado pelo
Dr. Frankstein. Enfim, uma semana de Ultrogestan , repouso relativo e melhora.
Uma
semana depois refiz uma Usg (ultrassom) e só palavras lindas: nada de hematoma,
bebê muito bem e uma novidade, desconfiava-se que vinha mais uma menininha pra
trupe de fêmeas aquarianas (eu , Nina e essa!)
Conheçam a afilada Estela (19 sem) |
Com
17 semanas mais um sangramento! Dessa vez mais‘ borra de café’ que sangue em
si. Corro à tarde pro hospital de novo, exame de toque violento da terromédica
e na nova USg a constatação: sua placenta está baixa cobrindo o orifício do
colo! Lembro de suspirar tristemente e soltar baixinho: “Ai não, placenta
prévia não!” (ver mais aqui: http://brasil.babycenter.com/a1500570/placenta-pr%C3%A9via).
O médico muito mais compreensivo e bom-senso que a mulher me responde: “calma,
não se fala em placenta prévia antes das 30 semanas, pois ela pode migrar”. Além
de ter confirmado: “Já sabem do sexo? é uma menina!” ;-) Nina sempre dizia que
era menina.. somente na ultima semana antes de descobrirmos passou a dizer que
era menino, e se chamava Teteu (seu primo!) rss...
De volta à terromédica da emergência recebo palavras que até
hoje ecoam na minha mente “Ah, quando a placenta está assim cobrindo o colo às
vezes sobe, mas é muito difícil. Faça repouso, não tenha relações e talvez lá
pra frente vai ter que tomar remédio para amadurecer o pulmão do bebê”. Desculpem-me
a expressão, mas uma boa FDP!! Como diz o Rô, as médicas, mulheres e muitas
vezes mães, que deveriam ser mais atenciosas e sensatas, são as piores.
Me arrasei, chorei, me senti injustiçada e iniciei um repouso
mais forte. Muita cama, ou sentada, andando pouco e saindo muito menos ainda.
Daí para frente foi uma sucessão de sangramentos, ‘escapes escuros’ e medo,
muito medo. E a cada episódio ia aumentando o repouso. Até que no momento com
23 semanas, me vejo 85% do tempo deitada na cama, trabalhando pouco (entre
telefone e internet), lendo, lendo, lendo, só levantando para comer e banheiro.
Um dia escrevi isso, sobre a condição de ‘enclausuramento’ no quarto, repouso e
útero:
"O mundo é um circulo em movimento e
dentro dele há um quadrado estático, onde estamos inseridas. Estou redonda e
estática; e em mim há outro circulo, onde dentro é só movimento"
As
estatísticas atestam que na maior parte dos casos (85%) de Placenta baixa, à
medida que útero cresce, ela tende a migrar e sair de onde está. Me apego muito
a este fator e ao tempo. Tento me dizer que tenho tempo , que ela vai subir. E
meu mantra tem sido esse: Vai subir, vai subir!
Entretanto,
não é nada fácil. Como li em alguns lugares, repouso absoluto pode ser
altamente estressante; ou repouso total é mais difícil que correr uma maratona.
Ficamos solitárias, o medo vai e vem os altos e baixos. Pensamentos permeiam
nossa cabeça, principalmente a minha inquieta e é preciso muita base, cimento,
estrutura para segurar a onda. E além de tudo, há ainda a possibilidade de
vermos minado meu desejo de ter um parto normal. E, mais uma vez, repetir a
expectativa, a história, a incerteza disso (lembrando que a 1ª filha ficou
sentada até o fim, culminando na cesárea).
Estou
um pouco mais serena, aceitando. Minha filhinha, Estela, está ótima, graças a deus,
desenvolvendo bem. Mas a mãe aqui se transformou num bebê, tomou a posição do
recém-nascido, depende, demanda, chora. E espera, espera, espera...
23 semanas |
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